Intervenção no problema da falta de espaço para participação jovem

As políticas públicas de educação parecem procurar conciliar oportunidades de inclusão educativa e de inserção no mundo laboral. Por um lado, desconstruindo – e procurando ultrapassar – o estigma que tem sido associado às modalidades educativas de cariz mais profissionalizante e, por outro, procurando facilitar a construção de sentidos nas aprendizagens de caráter mais académico, pela introdução de modalidades de aprendizagem mais participativas. Vai nesse sentido a proposta da DGE de implementação da ABRP como estratégia de ensino aprendizagem, que este projeto viabilizou. Procura ultrapassar-se, ao nível meso-institucional, uma lógica adulta transmissiva de conhecimento acabado que afasta as possibilidades de coconstrução de conhecimento com participação jovem. Um foco no desenvolvimento de competências poderá revelar-se mais adequado ao desiderato da inclusão educativa e laboral, como se argumenta neste documento.

Tendo em conta as especificidades e particularidades de cada jovem, cabe às IE a criação de espaços para o exercício da sua cidadania educacional, acentuando a sua participação com voz na vida escolar e, em particular, a participação na conceção e construção do saber. Isto implica a criação de espaço para o desenvolvimento pelas pessoas jovens de um sentido de pertença e reconhecimento pela e na cultura escolar, para a participação ampla como parceiros/as na construção da vida escolar e na realização do potencial de cada jovem, como ser único, encorajando uma participação democrática. O Projeto provoca e dá espaço à participação jovem, no quadro do exercício da sua cidadania educacional, num horizonte de justiça. Admite-se que a expressão das vozes jovens, dá lugar ao seu reconhecimento enquanto cidadãos e cidadãs, podendo também contribuir para a melhoria das instituições e das suas práticas.Ao longo de três anos, antes e durante a situação pandémica, com estas preocupações, e reconhecendo a necessidade de uma intervenção educativa que (re)conheça os contextos e os seus atores e atoras, e que, portanto, se adeque às suas realidades, o Projeto baseou-se em observação-participante, notas de terreno, entrevistas exploratórias com atores e atoras-chave, grupos de discussão focalizada com estudantes e com docentes em todas as instituições de educação e formação (IEF) que participaram, a saber, duas escolas secundárias, duas escolas profissionais e um centro de formação. Baseou-se também em relatórios-reflexivos individuais, no âmbito da dinamização de duas edições de formação de docentes, na modalidade de oficina, que incluiu a partilha entre colegas dos processos e resultados da implementação da ABRP em contexto. Nessa medida, o Projeto salienta também a importância de formação docente para uma atualização e transferibilidade das suas práticas. Na intervenção direta com as escolas, apoiando e observando a implementação da ABRP, foram realizadas sessões (no formato presencial e online) com turmas do 10º ao 12º ano, bem como questionários online de monitorização e de avaliação.

Para citar (APA7): Edutransfer (2022). Intervenção no problema da falta de espaço para participação jovem [website]. 
https://edutransfer.fpce.up.pt/intervencao-no-problema-da-falta-de-espaco-para-participacao-jovem/